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Você acredita que todas as fotos desta artista coreana foram feitas sem a intervenção de programas de pós edição? Conheça o incrível trabalho de Jee Young Lee.

Para cada auto-retrato de sua série “Daze: Stage of Mind” a artista coreana Jee Young Lee cria uma elaborada instalação no seu pequeno estúdio de 3x6m em Mangwondong, Seul. As cenas são construídas usando materiais do dia-a-dia como compensado, copos de papel e canudos. Os cenários são interpretações de experiências pessoais, sonhos e contos coreanos. O que parece ter sido feito com o auxílio de programas de edição na verdade fora feito naturalmente.

Durante semanas, às vezes meses, ela cria o tecido de um universo bordado com a sua mente. Lee o faz com infindável paciência, devoção e minúcia a fim de evitar qualquer alteração com a pós edição da fotografia. Assim que materializados, esses mundos se tornam reais: a imaginação se converte no tangível e a foto registra a nova realidade. Seus autorretratos nunca são frontais, já que sua preocupação não é com o seu aspecto visual, mas sim na busca da sua identidade, seus desejos e sua imaginação. O tempo necessário para montar o cenário é o suficiente para meditar sobre seus conflitos interiores e os exorcizá-los.

Jee Young Lee é uma das mais promissoras artistas do quadro artístico jovem coreano. Seguindo o grande sucesso da sua primeira exibição fora da Coreia do Sul, na OPIOM Gallery em 2014, seu trabalho tem sido divulgado mundo a fora, dos EUA à China.

Confira algumas de suas obras:

Jee Young Lee, obras de Jee Young Lee, artista coreana Jee Young Lee

“Treasure Hunt” (Caça ao tesouro)
Esta obra demorou três meses par ser concluída. A grama foi feita com arame de artesanato e cada fio fora manualmente fixado à uma tela. Nesta cena ela se inspira em suas memórias de infância, quando passava um tempo na casa do seu avô no interior da Coreia. Ao cair da noite Lee avistava grupos de vagalume a vagar pelos arbustos; parecia que eles estavam a procura de um tesouro. Ela usa isso como uma metáfora para mostrar que é tão difícil achar o seu ideal quanto encontrar uma agulha no gramado.

Jee Young Lee, obras de Jee Young Lee, artista coreana Jee Young Lee

“Black Birds” (Pássaros pretos)
Medos e sentimentos negativos são representados através de pássaros negros que saem energicamente por uma porta no chão. Para a artista grandes pássaros pretos são ameaçadores, e a imagem dos seus bicos, penas e garras é assustadora. A porta no chão representa as incertezas do futuro.

Jee Young Lee, obras de Jee Young Lee, artista coreana Jee Young Lee

“I’ll Be Back” (Eu retornarei)
Leques tradicionais coreanos são densamente dispostos a formar um redemoinho do qual uma pessoa tenta alcançar uma corda. Lee deixa que o espectador decida se a pessoa perdeu as forças, soltou a corda e está sucumbindo ao vortex ou se está lutando para alcançá-la. Ela buscou expressar ambos, o desespero da situação e a esperança de que a nossa vontade pode nos salvar quando em dificuldade.

Jee Young Lee, obras de Jee Young Lee, artista coreana Jee Young Lee

“Childhood” (Infância)
A primeira vista, a cena encapsula a idílica inocência da infância. Porém, nem tudo é o que parece. Lee explica que o relógio está quase marcando meia-noite, evocando a quebra do feitiço – assim como o da Cinderella – contrapondo à vontade da menina, que quer permanecer no confortável e pacífico momento. Ela não sabe que a noite, vista pela janela, é escura e fria; em alusão aos perigos do mundo.

Jee Young Lee, obras de Jee Young Lee, artista coreana Jee Young Lee

“Nightmare” (Pesadelo)
Lee usa clips de papel, objetos que não representam perigos algum, para evidenciar como pequenos problemas quando somados podem se transformar num fardos que carregamos.

Jee Young Lee, obras de Jee Young Lee, artista coreana Jee Young Lee

“Panic Room” (Quarto do pânico)
“Eu estava confusa, com medo e numa situação de perda. Usei a ilusão de ótica para representar meu estado espiritual” disse Lee. Ao mudar a proporção de objetos mundanos conferiu inquietude e agressividade à cena.

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“Foodchain” (Cadeia alimentar)
A imagem mostra veias que se movem em direção a mulher grávida. Essa obra é uma expressão da própria autora que se sente prematura para sair pelo mundo.

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“My Chemical Romance” (Meu romance doentio)
Os canos e o vapor representam as barreiras que dificultam as tentativas de Lee se comunicar com as pessoas. Ela usa o preto e o amarelo para simbolizar o perigo.

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“Resurrection” (Ressureição)
A fábula de Shimcheongin – sobre uma garota que se lança ao mar e renasce dentro de uma flor de lótus – serviu como inspiração para esta instalação. “Eu queria retratar o renascimento na minha foto, e é por isso que apareço dentro de uma flor de lotus. Demonstra como alguém pode se revigorar superando a negatividade. Quis dar força ao meu espírito”, disse Lee.

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“Reaching for the Star” (Alcançando as estrelas)
Lee pintou os mais de 2000 copos de papel que compõem a estrutura que mais parece um castelo a ruir. Ela gostaria de passar a ideia de ir com afinco atrás dos seus desejos, junto com o esforço necessário para alcançar seus sonhos – representando pela estrala. As bolas de gude têm inúmeros significados, podendo ser estrelas caídas, grãos de areia e até mesmo a iminência e perigo do colapso do castelo.

Fonte: Koreaboo, CNN Style, Opiom Gallery e The New Yorker.

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About Alexandre Disaro

Editor associado (São Paulo) - Internacionalista de formação e fotógrafo por opção. Gosta de viajar e conversar sobre; cozinhar para amigos; passar horas praticando caligrafia; aprender idiomas; escrever; estudar bandeiras e tomar chá. www.alexandredisaro.com (site como fotógrafo) www.disaro.co (site do blog de viagem)

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