O cinema coreano independente possui uma história relativamente recente, mas marcada pela luta por uma identidade e espaço, assim, buscando novas estéticas e criatividades.
Os primeiros rastros do cinema coreano independente datam da década de 70. Através da criação de clubes de cinema, aulas de teatro e outras atividades realizadas por amadores, dentro do ambiente universitário. Como, por exemplo, o “Korean Small-scale Film Club” de 1970, o “Film Club” de 1971, o “Film Study Group” e o “Kaidu Experimental Film Group” de 1972. Em 1979 é fundado o Yalashung, um grupo de estudos de cinema da Universidade Nacional de Seul. Sendo o primeiro grupo de criação, a produzir filmes independentes.
Assim, em 1980, parte dos graduados em contato com o grupo, como fruto de pesquisas e estudos, continuaram a produzir trabalhos independentes, tendo como foco a realidade. Esse movimento permitiu que o cinema passasse a ser visto, também, como uma ferramenta crítica, ao passo que retrata a sociedade e suas realidades, aproximando assim, as produções do público.
Em 1984 foi realizado um festival de cinema experimental com exibição de seis filmes. Na ocasião também foram realizados debates a fim de discutir sobre as leis do cinema e as agendas do movimento da época. Os reflexos do festival se estenderam a um projeto de contracultura dentro das universidades, além do incentivo a criação de novos clubes de cinema. Apesar disso, a dificuldade em produzir filmes independentes continuava a se manifestar. Seja pela falta de recursos ou pela censura das abordagens críticas e filosóficas feitas ao contexto político da época.
Em um período marcado por grandes desafios, o cinema independente buscava o caminho inverso das produções comerciais. A exemplo, “The Night Before Strike” gravado em 1990 pelo grupo Jangsangotmae. Uma das produções mais importantes para o estabelecimento do cinema coreano independente, pela abordagem e sucesso de bilheteria.
CURTAS, LONGAS METRAGENS E DOCUMENTÁRIOS
O cinema coreano independente, até esta época, estava focado principalmente na produção de curtas. Por isso, quando os longa metragens passaram a despertar o interesse dos cineastas, parte dos diretores viram a indústria de curtas ameaçada. Por outro lado, os instigou a produzir obras mais criativas e diversificadas.
Já os documentários independentes surgiram, de modo particular, em 80. Com formato inspirado em um vídeo anônimo que registrava cenas do protesto democrático em Gwangju. Assim, uma leva de registros cinematográficos que retratavam a resistência aos anos sombrios e lutas progressistas, ganharam força. Como resultado, a consciência social e política marcaram a consolidação da identidade do cinema coreano independente.
CONSOLIDAÇÃO DOS FILMES INDEPENDENTES
Na década de 90, especificamente no ano 1994, foi realizado o primeiro Festival de Curtas de Seul. Permitindo, dessa forma, que se criasse uma maior conscientização da produção independente de filmes. Além de ampliar o espaço de inserção de novos diretores e suas produções.
Em 1998 foi criada a Associação de Filmes e Vídeos Independentes Coreanos e a produtora e distribuidora independente INDIESTORY. Reunindo entusiastas criativos e cineastas preocupados com a produção independente e seu espaço no cinema. Sua criação permitiu que se discutisse novas políticas para fomento do cinema coreano independente; o fortalecimento de uma rede de apoio e solidariedade no meio.
Como resultado, hoje, já é possível falar de festivais sólidos como o Festival Independente de Cinema de Seul e o Festival Independente de Documentários de Seul. Além da criação do centro de mídia sem fins lucrativos “MediAct”, o primeiro cinema independente “Indie Space” e premiações anuais que reconhecem as produções, cineastas e produtores independentes.
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Fontes: Google Arts & Culture e Hani
primeira publicação em 23/09/2018