Heena

Imagem: Divulgação

Heena é uma cantora coreana de bossa nova, atualmente visitando o Brasil, faz show nos dias 24 e 25 de abril no Espaço Aqua (RJ). Conheça detalhes sobre ela, nesta entrevista exclusiva.

Nome: Hee Kyung Na

Grupo sanguíneo: O

Cidade onde nasceu: Seul

Qual foi o primeiro contato significativo que você teve com a música? E com a Bossa Nova?  
Comecei a criar músicas quando era criança, tocando piano. Quando tinha 8 anos, foi a primeira vez que consegui completar uma música por inteiro. Depois disso, sempre que podia tocava no piano a melodia que tinha criado e levava comigo o meu caderno com as composições. Comecei a pensar seriamente em seguir uma carreira de artista ao completar 11 anos, quando descobri que era possível criar músicas através do computador. Por meio do computador eu pude ter contato com outros sons diferentes e assim desenvolvi ainda mais a minha musica. Foi uma coisa tão curiosa e divertida que prometi trabalhar com isto a vida inteira. Um dos livros que comprei na época apresentava a bossa nova. O ritmo nada comum me deixou encantada e eu o utilizei no meu primeiro trabalho oficial. Este foi o meu primeiro contato com a bossa nova.

Quais motivos te levaram a fazer Bossa Nova?
No começo, apenas senti que iria dar certo. Um ritmo que parecia estar vivo, uma associação com jazz, a voz que parecia mais um sussurro era muito encantador. Eu queria essa “liberdade” na minha música. Assim, depois que lancei o meu primeiro álbum, vim para o Brasil a fim de aprender mais sobre a bossa nova. E conheci o Brasil e suas diversas características. Após esta visita, a bossa nova foi muito além da música dos bons sentimentos. Passou a ser um bom amigo que abriu o caminho para um novo mundo.

Quais as maiores dificuldades em se fazer Bossa Nova na Coreia?
Como muitos coreanos já gostam do estilo da bossa nova, não é tão difícil trabalhar com este estilo musical na Coréia. Porém, como não tem muitas informações, mesmo que apareçam mais pessoas que queiram saber mais sobre ela, não é fácil obter conhecimentos sobre o assunto. Tenho planos de lançar um livro no ano que vem, relatando minhas histórias nesta “viagem musical” no Brasil. Espero, realmente, que possa ajudar os fãs da bossa nova na Coréia.

Qual a sua experiência inesquecível em relação a seus fãs?
Antes da minha primeira visita ao Brasil, eu fiquei muito doente. Nessa época, meus fãs fizeram um photobook com fotos deles e das minhas apresentações para mostrar que estavam torcendo por mim. Além disso, cada um preparou uma carta enorme, presentes e vieram me visitar. Um deles escreveu que superou momentos difíceis ouvindo  a minha música. O esforço de cada um e os seus corações me deixaram muito emocionada. Essa lembrança me dá muita força até hoje.

Quais são os artistas que te inspiram?
Como compositor, Antonio Carlos Jobim; como guitarrista, João Gilberto; como cantora Elis Regina, entre outros. Sou inspirada por artistas clássicos da bossa nova. Ao mesmo tempo, também gosto muito de artistas da MPB como João Bosco e Lenine. Dos artistas coreanos, tenho muito respeito pelo Yoon Sang.

Conte-nos um pouco da experiencia de trabalhar com Roberto Menescal e Oswaldo Montenegro, dois grandes nomes da música no Brasil.
Conheci o Roberto Menescal pela primeira vez em 2010. Não consegui acreditar quando Menescal, após ouvir o meu primeiro album, me ligou. Ansiosa, fui visitá-lo no seu estúdio e ali gravamos juntos a linda música chamada “Um Amor”. A primeira parte em português e a segunda parte, em coreano, cuja letra eu mesma escrevi. Essa foi a minha primeira gravação no Brasil e um experiência inigualável. Depois disso, trabalhamos outras vezes juntos e espero ansiosamente os próximos trabalhos.
Conheci Oswaldo Montenegro através do Menescal pois ele tinha cantado como convidado em um dos shows dele. Ele cantou “A Lista” e eu fiquei apaixonada a primeira vista. Por isso, encontrei-o para podermos conversar melhor. Ao final da conversa, fiz a proposta de cantar comigo. E ele respondeu: “Vamos”. Fiz uma reinterpretação de “A Lista” em coreano. Ele cantava um trecho em português e eu um trecho em coreano. Assim nasceu esta colaboração magnífica.
 
Você trabalha constantemente com o baterista, arranjador e produtor musical Cesar Machado, como se deu essa parceria?
Quando cheguei pela primeira vez no Brasil, eu tinha 30 albuns de debut comigo. E não sabia nada sobre o que poderia fazer. Apenas queria ouvir a bossa nova. Por isso visitei o “Vinicius Bar” onde tocava bossa nova e ali vi o Cesar Machado pela primeira vez. Encantada com o jeito que ele tocou, entreguei a ele um album e quando visitei o “Vinicius Bar” novamente para ouví-lo, Cesar falou que tinha gostado da minha música e me deu a oportunidade de cantar no palco. Ninguém deve ter imaginado que aquele único álbum e uma única subida ao palco pudesse fazer que nós mantivéssemos o contato até hoje.
 
Como foi para você tocar no Vinícios Bar, um dos mais famosos ‘templos’ da Bossa Nova no Rio?
Comecei cantando no palco 2~3 vezes, graças ao Cesar Machado que vem cantando no Vinicius Bar há mais de 10 anos. Felizmente, as pessoas que estavam ouvindo e os músicos gostaram bastante. Após isso, continuei cantando até cantar como solo no palco.
 
Além de músicas em coreano, você também tem músicas em inglês e português. Qual a sua relação com essas línguas?
Os meus amigos estrangeiros que moravam na Coréia me ajudaram no inglês. No caso do português, aprendi enquanto fiquei no Brasil mas com a ajuda da Caipirinha consigo falar melhor. Brincadeira!!
 
Você fala e escreve em português, quais as maiores dificuldades em aprender a língua? Como foi  o seu processo de aprendizagem?
Um mês antes de vir para o Brasil li e reli um livro de gramática resumida. Mas o fato que mais me ajudou foi que a dona da casa em que eu morei, que não sabia falar inglês. Para sobreviver eu fui obrigada a falar português. E depois, para poder cantar bossa nova eu tive que entender ainda melhor o português. Esse objetivo e a necessidade  acelerou o processo de aprendizado. Não tive nem tempo de sentir que era algo difícil.
 
Quais instrumentos você toca? Qual o seu preferido?
Atualmente toco piano, violão e alguns instrumentos de ritmo. Dos 14 aos 19 anos, toquei bateria em uma banda. Mas o instrumento que tenho mais interesse é o violão. O tom e o som desse instrumento  é muito apropriado para a bossa nova.
Como é seu processo de criação? Quais são suas inspirações na hora de escrever e compor?
Às vezes consigo criar a melodia e a letra juntos ao mesmo tempo. São casos de quando estou com sorte. Outras vezes crio na sequência que vem à minha cabeça. Se tenho uma folha em mãos escrevo a letra, se tiver um instrumento, crio primeiro a melodia. Muitas vezes trabalho de madrugada quando todos estão dormindo, mas acho que é por ser o horário que mais consigo me concentrar em mim mesma.
 
Qual foi a melhor experiencia de sua carreira? E a mais difícil?
Quando meus dois álbuns foram nomeados no Korean Music Award no estilo jazz & crossover, fiquei muito emocionada, pois parecia que estava sendo reconhecido todo o meu esforço. Além disso, sempre trabalhei com músicos muito bons para lançar meus CDs e todas as vezes foram experiências muito especiais. A maior dificuldade encontrada foi que tanto no Brasil quanto na Coréia, o mercado para a bossa nova não é tão amplo. Às vezes me sentia na solidão. Mas agora tenho muitos colegas e também o Brazilkorea junto comigo e sei que não estou sozinha.
 
 Você foi responsável por todo o processo de criação de seu primeiro EP. Quais foram suas maiores dificuldades? E as melhores experiencias?
No meu primeiro EP, todas as áreas como: letra, a composição, vocal, instrumento, gravação, produção e direção foram coordenadas por mim. Pelo fato de ser um trabalho que nunca havia feito antes, todos os processos eram complicados. Mas também por ser a primeira vez tudo era curioso e, em todas as etapas, a dificuldade que tive foi transformada em aprendizagem.
 
Entre o seu repertório, qual é sua música favorita? porque?
Esta pergunta é realmente difícil. O repertório de bossa nova que eu gravei, por serem muito boas, não consigo escolher apenas uma. Além disso, todas as músicas compostas por mim contêm mensagens sinceras, motivo pelo qual não posso definir qual delas gosto mais ou menos. Mas se mesmo assim devo apresentar a vocês apenas uma única música, quero falar de “Up CLose To Me” do meu segundo álbum “Up Close To Me”. Sabem por quê? Pelo simples fato do nome ser “Up Close To Me”. Quero me aproximar de vocês.
 
Se pudesse escolher um artista para trabalhar em conjunto, quem seria? porque?
Esta pergunta também é muito difícil. Além terem muitos artistas muito bons que quero trabalhar junto eu respeito e idolatro todos eles. Não consigo apontar a dedo mas se tiver uma oportunidade quero cantar um dueto com um vocalista que tenha uma voz atraente. Se vocês tiverem alguém em mente, por favor, façam a sugestão sem pensar duas vezes.
 
Qual a sua comida brasileira favorita?
Arroz, feijão e farofa. E açaí! Adoro. Sou fã da comida brasileira. Há pouco tempo, comecei a fazer feijão em casa. Ainda bem que não ficou tão mal..haha… Tenho muitas coisas para aprender. Torçam por mim!
 
Qual o seu local preferido em Seul?
Gosto muito do Sang Su Dong. É muito perto de HongDae onde tem muitas casas noturnas com música ao vivo mas por outro lado não é tão cheio e é um bairro “fofo” visitado por poucos turistas. É perto de rio Han e muitos artistas moram lá. Morei pouco tempo lá e tenho muitas lembranças boas.
 
Quais os seus planos para 2015?
Estou pensando em recomeçar a banda-projeto “bossa DaBang” com quem lancei meu primeiro EP. O objetivo é lançar um novo álbum em julho. Ao mesmo tempo, estou trabalhando no terceiro álbum “Hee Kyung Na”, mas creio que saberemos do resultado somente quando o verão (na Coreia) passar. Já estou ansiosa pois acho que será um ano em que vários álbuns serão lançados.
 
Deixe uma mensagem para os seus fãs
Obrigada! Graças a vocês consigo superar o dia a dia, esteja cansada ou feliz. Por favor, continuem torcendo por mim. Amo vocês!
 
Assista a mensagem de Heena aos fans brasileiros AQUI e o MV da musica UM AMOR em parceria com Roberto Menescal.
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Redação: Rafaela Braga
Entrevista: Alcina Knabben
Tradução: Unsorii Cho
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About Alcina Knabben

Editora Executiva (Florianópolis - SC) - professora universitária, mestre em administração, apaixonada pela Coréia (negócios, maquiagem, comidas e TV) tem se dedicado a importação e a divulgação da cultura coreana.

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