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Jae Lee é um quadrinista coreano-americano que já trabalhou com várias editoras, como Marvel e DC Comics. Em mais de 20 anos de carreira, Lee participou de diversos projetos, que podem ser encontrados AQUI. Este grande artista esteve aqui no Brasil para participar da Comic Con Experience 2015 e, nesta entrevista, ele fala um pouco sobre a viagem, seus projetos e sua carreira.
Nome: Jae Lee
Tipo sanguíneo: venenoso
Hobbies: tênis e caminhadas
Artista favorito: Varia de acordo com meu humor. Neste momento, Norman Rockwell
Músicas favoritas: Trilhas sonoras de filmes. Especificamente, as trilhas sonoras de Last of the Mohicans, Cinema Paradiso e Somewhere in Time.
Coisas importantes: A felicidade da minha esposa
Qual foi a sua principal motivação para seguir a carreira artística?
Eu amo desenhar e não consigo me imaginar fazendo outra coisa.
Como foi o seu primeiro contato com a arte?
Através das histórias em quadrinho. Elas tiveram um papel tão importante na minha infância que não pude deixá-las. Então decidi que estariam sempre comigo, e estão.
Você ilustrou várias minisséries da Marvel Comics ‘The Dark Tower’ e também o livro ‘O Vento pela Fechadura’ (Wind Through the keyhole). Qual a sensação de participar de uma obra tão grandiosa como o universo da ‘Torre Negra’, criado pelo mestre Stephen King?
Foi a experiência mais incrível! Ainda que trabalhasse outros trinta anos, acho que não terei um projeto como esse. Eu estava tão encantado com o mundo que Stephen King criou que, quando terminei minha parte no projeto e minha jornada com o Ka-Tet chegou ao fim, realmente senti uma grande perda. Esta maravilhosa aventura em que estava terminou e estarei constantemente à procura de algo para preencher este vazio.
Você também ilustrou uma edição do livro ‘Drácula’, de Bram Stoker, outro monstro da literatura mundial. Conte-nos um pouco mais sobre esse trabalho.
Drácula foi outro sonho realizado. Meu trabalho sempre foi influenciado pelo terror gótico e Drácula foi o pontapé inicial para mim. O projeto acabou se tornando muito difícil. Como você interpreta Drácula quando tantos grandes visionários já o fizeram? Foi uma experiência de humildade.
Em 1999 você ganhou o prêmio “Eisner Award for Best New Series”, por ‘Inumanos vol. 2’, trabalho em parceria com Paul Jenkins. Como foi para você receber esse reconhecimento?
Eu não acho que alguém tenha sequer imaginado que o ‘Inumanos’ daria em alguma coisa.
Tudo isso começou quando Joe Quesada me pediu para me juntar a, até então fraca, linha editorial ‘Marvel Knights’. Originalmente me pediram para desenhar o ‘Justiceiro’, mas eu queria fazer algo diferente, só não sabia o quê. Eu me lembro de conversar com o meu amigo e frequente colaborador, José Villarrubia, sobre quais personagens obscuros seria divertido trazer de volta. Nós folheamos o “The Official Handbook of the Marvel Universe” e o percorremos até que chegamos ao Inumanos, e então veio o estalo.
Não precisava ir mais longe para achar a solução, era uma simples questão de recordar os livros que eu gostava e ‘Hellblazer’, de Paul Jenkins, foi um dos que se destacaram. Perguntei a Joe se podíamos tê-lo e, para nossa sorte, ele disse que sim, mesmo assim, foi um caminho difícil. A cada edição que entregávamos, existia uma grande dúvida se conseguiríamos entregar a próxima. Mas, de alguma forma, conseguimos percorrer todo esse caminho com os dedos ensanguentados e finalizamos as doze edições.
Vários de seus trabalhos são ilustrados por sua esposa June Chung. Como funciona essa parceria?
Somos uma equipe. Eu começo, fazendo a arte em preto e branco e, depois disso, ela traz as cores. Ela transforma minhas linhas fixas em algo real e colorido, traz vida ao trabalho. O valor que um bom colorista agrega ao produto é imensurável.
A cultura coreana influência o seu trabalho de alguma forma?
Sou coreano, então sim, influencia. Como? Não sei exatamente, mas tudo o que sou, tudo o que eu experimento, tudo o que vejo vai, eventualmente, para minha arte.
Já ilustrou algum manhwa?
Ainda não, talvez no futuro.
Como foi a reação dos seus pais ao seu desejo de trabalhar com arte?
Eles odiavam a ideia. Como a maioria das famílias de imigrantes, o sonho deles era que eu fosse para uma boa faculdade e conseguisse um emprego respeitável. Eles não só ficaram com os corações partidos quando eu lhes disse que queria ir para a escola de arte, como quiseram me matar quando a abandonei. Levaram anos para chegarmos a um acordo, mas acho que agora estão orgulhosos.
Você conhece e/ou já trabalhou com algum artista brasileiro?
Existem alguns artistas incríveis do Brasil no momento. Rafael Albuquerque, Rafael Grampá, Ivan Reis, Joe Prado, Fabio Moon, Gabriel Bá… Eles realmente impressionaram os quadrinistas norte-americanos. Eu mal posso esperar para visitar o Brasil em dezembro e descobrir novos artistas, me inspirar.
Conte-nos um pouco sobre seu trabalho autoral, ‘Hellshock’.
É um livro de autoria própria que escrevi e desenhei para a Image Comics. Eram dois volumes; o primeiro era uma espécie de minisséries que eu fiz quando era jovem demais para saber qualquer coisa. Depois dele eu tive tempo para refinar minhas habilidades, aprimorá-las.
Eu queria ser um escritor e um artista melhor. No volume dois eu pude mostrar isso, pois teve uma abordagem mais madura, foi um ponto de virada na minha carreira. Ele pontuou um crescimento na minha arte que eu poderia nunca ter tido se não tivesse passado por isso, se não tivesse tido esta experiência. Esse trabalho quase me enlouqueceu, mas valeu a pena.
Você tem alguma situação inesquecível envolvendo seus fãs?
Uma vez fui a uma sessão de autógrafos em Cingapura e um fã apareceu com o braço sangrando, quebrado. Ele havia sofrido um acidente com sua moto, mas deixou de ir ao hospital porque queria pegar meu autógrafo primeiro!
Você já trabalhou com grandes editoras de HQs, qual a principal diferença entre elas?
Eu já trabalhei com a maior parte delas. Realmente se resume a qual personagens você prefere. Às vezes, você alterna apenas para trabalhar com um novo grupo de amigos.
Qual o trabalho mais divertido? E o mais complicado?
Meu trabalho mais divertido também foi um dos meus primeiros quadrinhos. Namor #26 foi a minha primeira edição completa e nada pode bater a alegria do número um, foi um momento mágico. E o mais complicado foi Hellshock. Ele estava me enlouquecendo, porque não gostava de nada que fazia. Estava muito infeliz
Qual o seu personagem preferido? E sua história favorita?
Meu sonho sempre foi desenhar o Batman e o Superman e, agora que já o fiz, preciso encontrar nossos favoritos. Minhas história favorita é Fantastic Four: 1234, com Grant Morrison. Ele escreveu uma história inacreditável! Mas, falando de arte, sinto que meu maior orgulho foi a primeira remessa de Before Watchmen: Ozymandias. Passei seis meses desenhando a primeira revista. Foi a primeira vez que saí da minha zona de conforto e eu realmente me diverti muito.
Como funciona a relação entre o roteirista/escritor e o ilustrador?
O escritor fornece a história e o ilustrador visualiza e a traz à vida.
Fale um pouco sobre suas parcerias de trabalho.
Isso depende do escritor e do artista. Algumas equipes gostam de trabalhar em conjunto, bombardeando um ao outro com ideias. Outros preferem que cada um faça o seu trabalho separadamente.
Quais os pontos positivos e negativos de se trabalhar em parceria?
Bem, às vezes há divergências e estas se tornam uma batalha de egos. Por sorte eu nunca tive uma grande batalha.
Quais as expectativas para o evento que irá participar no Brasil?
Espero ter a oportunidade de conhecer novos artistas, de ser exposto a artistas, a cultura e a beleza do Brasil pela primeira vez. Mas, acima de tudo, quero experimentar a culinária incrível!
O que os fãs podem esperar de sua participação na Comic Con Experience?
Como é a minha primeira vez no Brasil, estou muito animado. Vou estar lá todos os dias para autografar e também vou desenhar durante a convenção, então meus fãs vão poder me ver trabalhando na minha mesa. Espero ver você lá!
A Comic Con Experience 2015 vai acontecer do dia 3 a 6 de dezembro e vai receber diversos artistas e proporcionar experiências incríveis para os fãs. Saiba mais sobre o evento AQUI.
[…] X-Men’. O BrazilKorea entrevistou o artista e a entrevista pode ser encontrada na integra AQUI. Artists Alley: Jae Lee estará presente em todos os dias da CCXP na mesa 99, no Artists’ […]
Ótima entrevista, mas a tradução deixa a desejar.
Consertem aí.
obrigada pela sugestão! ja revisamos!