Com apoio unânime dos membros, a Coreia do Sul passa a integrar Organização para Cooperação entre Ferrovias, a OSJD.
No início de Junho deste ano, a Coreia do Sul tornou-se membro oficial da Organização para a Cooperação entre Ferrovias, a OSJD (sigla em inglês). A OSJD é uma Organização Intergovernamental que gerencia o tráfego ferroviário Internacional entre a Europa e a Ásia.
Atualmente, a organização possui 28 membros oficiais. Estes estão localizados ao longo de redes ferroviárias da Ásia Central, da China Continental e da Ferrovia Transiberiana. Através das operações da OSJD, redes ferroviárias internacionais foram estabelecidas na Rússia, Mongólia, Ásia Central e China.
Deve-se ressaltar que Seul tem tentado se juntar à Organização desde 2015, mas não obteve êxito devido às objeções de Pyeongyang motivadas pela instabilidade diplomática entre os dois países. No entanto, graças à Cúpula Intercoreana de 2018, em que os dois líderes dos países discutiram inúmeros temas, como a cooperação em redes ferroviárias, Pyeongyang expressou sua aprovação à adesão sul-coreana.
O interesse sul-coreano em fazer parte da OSJD está no projeto que visa a conexão de sua rede ferroviária com o sistema ferroviário siberiano da Rússia via Coreia do Norte. Este é um projeto ambicioso que reduziria os tempos de remessa e os custos logísticos das exportações da Coreia do Sul para a Europa. No entanto, inicialmente, Seul objetiva ampliar a cooperação e desenvolvimento das ferrovias intercoreanas*. Tal fato demonstra que a adesão à OSJD foi o primeiro passo de uma política diplomática que visa alcançar dois resultados: estabelecer uma conexão ferroviária com a Europa e desenvolver ferrovias intercoreanas consolidando a cooperação entre os países vizinhos.
As negociações intercoreanas
Como mencionado, em abril, durante a cúpula intercoreana, os líderes da Coreia do Sul e do Norte concordaram em realizar medidas para conectar e modernizar as ferrovias e estradas intercoreanas. As negociações foram retomadas em 26 de junho deste ano, momento em que os países realizaram uma reunião do subcomitê de cooperação ferroviária na “Casa da Paz” no lado sul-coreano da aldeia de Panmunjeom. Ressalte-se que as medidas discutidas compõem o quadro básico da iniciativa empresarial intercoreana do presidente sul-coreano Moon Jae In, chamado de “novo mapa econômico da península coreana”.
Como resultado, os dois países concordaram em realizar um estudo conjunto sobre a modernização das ferrovias de Gyeongui e Donghae, na Coreia do Sul. O estudo conjunto começará em 24 de julho, na seção norte da Linha Gyeongui, de Gaeseong até a cidade de Sinuiju, no noroeste da fronteira. Outro estudo será conduzido na seção norte da Linha Donghae entre o Monte Geumgang e o rio Tumen, na Coreia do Norte. Além disso, também concordaram em providenciar medidas práticas para construção e modernização das ferrovias norte-coreanas.
Os dois países também irão inspecionar conjuntamente os traços transfronteiriços entre Munsan, na Coreia do Sul, e Gaeseong, na Coreia do Norte, e entre Jejin no Sul e o Monte Geumgang, durante o mês de Julho. Com base no resultado deste estudo conjunto e das inspeções, os países visam incluir a construção de estações de trem e a instalação de sistemas de sinalização e comunicação.
Os Benefícios
Atualmente, o trajeto entre Busan, na Coreia do Sul, e Moscou, na Rússia, é percorrido em 30 dias de navio. Com a implementação dos projetos sul-coreanos, o mesmo trajeto seria percorrido em apenas 14 dias de trem. Além disso, o tempo para a chegada à Busan de mercadorias advindas de países europeus, como a Alemanha, é de cerca de dois meses. No entanto, com o uso de ferrovias as mercadorias chegariam à Busan em 35 dias.
Outra mudança significativa seria no custo do transporte de contêineres. Atualmente, o custo para transportar um contêiner por navio de Incheon para o porto norte-coreano de Nampo é de cerca de 800 dólares. Aponta-se que este custo será reduzido em 75%, isto é, para 200 dólares, quando a ferrovia de Gyeongui for utilizada.
Conclui-se que as discussões sobre o projeto para conectar a linha siberiana àquelas que podem operar entre as duas Coreias estão em andamento há mais de uma década. A adesão sul-coreana à OSJD e os projetos em andamento entre as autoridades intercoreanas podem ser considerados progressos importantes ao projeto ferroviário transfronteiriço capaz de conectar a Península Coreana à Europa e, concomitantemente, concretizar o plano de paz na região.
Fontes: KBS, Korea.net, Yonhap News, Korea Herald, Pulse, Organização para Cooperação entre Ferrovias
Editora de Conteúdo: Lohanne Oliveira