No dia 15 de agosto as bandeiras tremulam por toda a Coreia. Esse é um feriado especial no imaginário do povo. É o dia do Gwangbokjeol (광 LIGHT 복 RESTORE 절 HOLIDAY), “Dia da Libertação” ou, na tradução literal, “Feriado da Restauração da Luz”.
Um pouco de história
No calendário, o dia “da vitória sobre o Japão” ou o “Dia da Libertação” é comemorado oficialmente no 15 de agosto (1945). A data marca o fim de quase 30 anos (1910-1945) de ocupação na península coreana.
O imperialismo japonês deixou rastros de um governo ditador e com impulsos etnocidas. Durante a ocupação, os coreanos tiveram seu idioma proibido; foram obrigados a adotar nomes japoneses e sofreram durantes anos com o manejo violento de opressão ao povo pela mão de ferro do colonizador. Aliás, sob o domínio nipônico, muitos coreanos tiveram seus destinos ligados a trabalhos forçados e foram recrutados à força para o exército japonês durante a Segunda Guerra Mundial.
Porém, imediatamente ao fim da grande guerra e com a derrota do eixo (Alemanha, Itália e Japão), quando os japoneses ouviram pela primeira vez a voz de seu imperador declarando a rendição do país, a península coreana foi libertada.
Assim, exatamente três anos depois, no 15 de agosto de 1948, a república da Coreia foi criada oficialmente.
As diferentes interpretações do Gwangbokjeol
Na literatura romanizada, não é difícil encontrar referências ao Dia da Libertação como “a Independência Coreana”. Porém, a palavra “Independência” carrega o significado de primeira e única soberania, dessa forma como se a independência fosse algo novo ainda não vivido pela nação. Entretanto, isso não condiz com a história da península coreana, já que os primeiros registros de independência datam de 1895 com o Tratado de Shimonoseki, este que colocou um fim às disputas Sino-Japonesas da época.
Logo, os coreanos não reconhecem o Dia da Libertação como sua independência. O feriado celebra o dia em que a soberania da sua nação foi restaurada. Ou seja, o 15 de agosto é festejado como a volta do poder e da liberdade que havia sido roubada de seu povo durante a colônia.
Leia mais sobre o 15 de Agosto.
O Dia da Libertação e aqueles que deram suas vidas por ele
Antes de tudo, é importante encararmos a história como resultado de vários eventos marcantes. Então, com o movimento de Restauração da Coreia não poderia ser diferente. O dia da Libertação é uma data simbólica para todas as gerações na Coreia, principalmente para os jovens (20/30 anos). Muitas das famílias ainda têm seus patriarcas e matriarcas que viveram na pele a ocupação japonesa, então a celebração da liberdade do 15 de agosto ainda queima viva em seus corações.
E a história é escrita por várias mãos, por isso destacaremos dois personagens importantes desse movimento logo abaixo.
Yu Gwan Sun (1902 – 1920)
Organizadora e símbolo do Movimento Primeiro de Março (1919). Gwan Sun, juntamente com sua família, lutou contra a colonização japonesa até o último instante. Foi peça chave de protestos numerosos e históricos, onde todos se uniam em uma só voz para cantar “대한 독립 만세” (Viva a independência coreana!). No fim, ela foi presa e morreu na prisão, aos 16 anos, sem nunca deixar de acreditar na libertação do seu país ( que aconteceria 25 anos depois).
Ahn Jung Geun (1876 – 1910)
Conhecido por ser o ativista nacionalista da independência coreana que eliminou o primeiro ministro do Japão, Ito Hirobumi, quando a Coreia estava prestes a se tornar colônia do Japão.
Diz a história que ao atirar em Ito Hirobumi, Jung Geun gritou pela Libertação da Coreia agitando a bandeira coreana. Preso, foi condenado à execução pelo governo japonês, mas suas perspectivas progressivas sobre a Pan-Ásia (união entre China, Coreia e Japão) ficaram marcados na história.
Ahn Jung Geun foi condecorado postumamente com a Ordem do Mérito da Fundação Nacional (1962) pelo governo sul-coreano por seus esforços pela libertação coreana, esta que é a condecoração civil de maior prestígio na República da Coreia.
Você pode visitar o memorial de Ahn Jung Geun localizado em Seul.
4 Filmes para assistir no Dia da Libertação
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A Era da Escuridão (2016)
Estrelado por Song Kang Ho (Parasita) e Gong Yoo (Goblin), a elogiadíssima produção conta a história do movimento armado que lutou contra a ocupação japonesa no início dos anos 20.
Muito bem recebido pela crítica, a produção coleciona indicações das maiores premiações da Ásia como o Blue Dragon Film,o Baeksang Arts e o Grand Bell.
Confira o trailer abaixo
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Assassinato (2015)
Um grupo de espiões é formado para executar missões de assassinato dos líderes japoneses, assim, minando o poder do Império durante a ocupação.
Para contar essa história, o celebrado cineasta Choi Dong Hoon lidera um time consagrado como a Jun Ji Hyun (A Lenda do Mar Azul) e Lee Jung Jae (Novo Mundo).
Confira o trailer abaixo
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DongJu – O Retrato de um Poeta (2015)
À primeira vista já nos impressionamos com a abordagem poética e livre da narrativa que nos recebe com uma perspectiva em preto e branco.
Nascidos e criados juntos em uma grande casa no período colonial japonês, os dois primos seguem caminhos separados quando crescem. Do mesmo modo como um se dedica ativamente ao movimento de libertação da Coreia, o outro encontra consolo em suas poesias, levado a instantes desesperados nesses tempos tão adversos.
Além disso a produção é estrelada por Kang Ha Neul (Moon Lovers) e Park Ju Min (Tazza).
Confira o trailer abaixo
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Eu Posso Falar (2017)
Apesar de sua abordagem leve e descontraída, a narrativa conta a história das “Mulheres de Conforto”. Este é um eufemismo utilizado para descrever as escravas sexuais que o Japão fez durante seu processo de colonização e expansão pela Ásia na Segunda Guerra.
Dessa forma, com um final comovente e reflexivo que nos rouba risos e lágrimas, a produção é estrelada por Lee Je Hoon (Signal) e Na Moon Hee (A Little Princess).
Confira o trailer abaixo
Fontes: 90 Day Korean; Wikipédia; Blog Trazy e Blog Naver.