Todo país tem seus costumes em relação à gravidez e a maternidade. No Brasil existem várias teorias e superstições tanto para a gestação quanto para o período do resguardo. Na Coreia não é diferente, existindo diversas crenças e regras para esse momento. Preparamos uma lista com dez fatos interessantes ou, no mínimo, curiosos sobre tradições coreanas ligadas à maternidade.
1) Dez meses: Por causa do calendário lunar, os coreanos dizem que a gravidez dura dez meses. Cada mês, por essa perspectiva, conta com exatas quatro semanas. Assim, alguns bebês podem nascer até de onze meses, quando passam das 40 semanas. Se você disser na Coreia que nasceu de nove meses, eles vão achar que você é prematuro.
2) O anúncio: Anunciar a gravidez não é uma tarefa muito simples. Existe, culturalmente, uma ordem a ser seguida. Primeiro, a mulher deve contar para a sogra. Só depois informa ao marido e os próprios pais serão os terceiros a saber. Geralmente, por causa dos riscos de aborto até o terceiro mês, o anúncio para os de fora desse círculo familiar só acontece a partir das 12 semanas de gestação, assim como muitas fazem no Brasil.
3) Comidas – durante a gravidez: A alimentação das grávidas tem algumas restrições. Coreanas costumam evitar comidas que não estejam íntegras, ou seja, quebradas ou desmanchadas, devido a superstição de que o bebê pode ter má formação. Há também crenças antigas, que só os mais velhos costumam levar à risca, de que: se as mulheres comerem muito frango a pele da criança será ruim; se ingerirem carne de pato, o bebê vai falar que nem um. Além disso, certos alimentos podem fazer o parto ser mais complicado, como caranguejo, lula, ovos e peras.
4) Comidas – pós parto: Assim que o bebê nasce, a nova mamãe costuma ficar um mês inteiro apenas comendo sopa de algas ou miyeok-guk (미역국). Dizem que esse prato ajuda na produção do leite materno, assim como na desintoxicação do corpo e limpeza do sangue da mulher para uma melhor recuperação. Depois do nascimento, também não é recomendável ingerir comidas frias ou congeladas, porque eles acham que pode causar artrite.
5) Filho homem: Por uma questão de manutenção das linhagens dos clãs, espera-se que o primeiro filho seja do sexo masculino, sendo ele que carregará o nome da família, conforme dito em outro artigo. Ao contrário da maioria dos lugares, em que as mulheres são predominantes, a população coreana é formada majoritariamente por homens. Em algumas cidades a proporção pode chegar a três homens para cada mulher.
6) Limpeza, beleza e silêncio: Coreanos acreditam que a mulher deve se manter limpa durante a gravidez. Por isso, ela deve evitar encostar em urina, fezes e coisas, pessoas ou animais, mortas. Ir a enterros, por exemplo, não é muito auspicioso. Outra superstição é que, durante o parto, a mulher não deve olhar para coisas feias, pois a criança pode nascer assim. Além disso, aquelas que gritam quando estão dando à luz são vistas com maus olhos. A gestante deve se manter em silêncio e focar sua energia no nascimento.
7) Sonhos e espíritos: O poder dos sonhos é algo muito apreciado na cultura coreana. Para eles, se alguém sonha com flores no período da gestação, a pessoa terá um menino. Se sonhar com frutas estará esperando uma menina. Quando a criança nasce, eles também costumam pendurar um “kumchul” (금줄), corda trançada com alguns patuás, no portão de casa para proteger o filho dos maus espíritos.
8) Parto normal: Na Coreia, há um estímulo ao parto normal. A cesárea é mal vista pela sociedade. Como a taxa de fecundidade vem caindo nos últimos anos, o governo oferece diversas formas de benefícios para as gestantes. O beneficio inclui um cartão que cobre quase todas as despesas do pré-natal e do parto, desde que esse seja normal. Em caso de cesárea a pessoa terá que arcar com quase todo o custo do procedimento, que pode chegar a cerca de R$12 mil.
9) Reclusão: Durante os três primeiros meses da vida do bebê, a mamãe fica reclusa em casa e só sai para consultas médicas. Além disso, deve ser evitado qualquer esforço, como cozinhar, tarefas domésticas e fazer compras. Não é recomendável que ela tome banho por uma semana depois do parto. Por isso, geralmente, é a avó materna da criança que os acompanha durante esse período, dando suporte necessário. É incomum receber visitas até os 100 dias do bebê, sendo nessa data a criança apresentada aos parentes. Hoje em dia virou moda ficar em centros de saúde pós-natal (산후조리원), por até um mês, onde uma equipe dá todo o suporte necessário.
10) Placenta e cordão umbilical: Alguns coreanos guardam a placenta para ser ressecada e utilizada como chá, porque acreditam que ajuda numa melhor recuperação. Enquanto isso, há quem a enterre em algum local, perto de casa, quando querem ter mais filhos, ou longe de casa, quando estão satisfeitos. Também se enterra o cordão umbilical.
Este post é uma versão de outro publicado no meu blog, onde conto um pouco sobre minha experiência na Coreia em relação a maternidade.