Com mais de 15 anos de estrada em Brasília, a produtora Jenny Choe vem se destacando na cena cultural local através de diversos projetos e ações. Conheça mais sobre ela nesta entrevista exclusiva realizada pelo Brazilkorea.
Natural de Campinas, São Paulo, Jenny Choe teve uma criação tipicamente coreana em Bauru (cidade universitária), onde teve seus primeiros contatos com projetos e eventos culturais, junto a amigos que já tinham algum envolvimento na área. Os pais, ambos coreanos da geração 1.5, conheceram-se no Brasil, por meio da apresentação tradicional de famílias, unindo dois clãs; Pak, família da mãe que migrou para Brasília e Choe, família do pai que migrou para São Paulo.
Aos 17 anos, mudou-se para Brasília e logo conheceu os principais nomes locais que trabalhavam com a música eletrônica. Nesse período, o ramo de produção cultural era novo e grande parte dos artistas produziam seus próprios trabalhos, mas por já ter uma certa experiência desde os tempos em Bauru, ficou mais fácil para Jenny Choe encontrar seu lugar nesse setor, envolvendo-se, primeiramente, no cenário eletrônico da capital, depois no rock, hip hop e outros. Todos esses trabalhos transformaram-se em diversos projetos, além da produção de festas, feiras, mostras, exposições, premiações, solenidades, CD’s, DVD’S, lançamentos, shows, com diversos nomes da música brasileira como o renomado bandolinista Hamilton de Holanda, o rapper GOG, a vencedora do 1º The Voice Brasil, Ellen Oléria, BNegão, Móveis Coloniais de Acaju, Pedro Martins (vencedor do Montreux Jazz Festival 2015) e muitos outros.
Grande parte desses projetos, que buscam desenvolver e ampliar a cultura local, nasceram no Conic, o mais diversificado centro comercial e cultural de Brasília. Foi aí que surgiu o Mutirão Cultural, a Associação de Skate da Capital e a NA BASE Skate Escola, todos reunidos pelo objetivo de democratizar a cultura e unir diversos grupos sociais. Movida por essa ideia, Jenny se inspirou no trabalho de Stuart Hall, um jamaicano residente em Londres, que estudou sobre a multiculturalidade e os processos de identidade e imigração, e que enfrentou a dicotomia de ser um jamaicano morando em Londres, não sendo considerado nem londrino e nem jamaicano na própria Jamaica, entendendo que esse é um sentimento que perpassa a realidade de muitos imigrantes e descendentes em diversos países.
Jenny Choe ao longo de sua trajetória encontrou também inspiração em coreanos que atuam na mesma área, como a Christina Paik, que mora em New York, é fotógrafa e realiza trabalhos para a Nike e o artista plástico David Choe, além de outras influências ligadas à cultura urbana, que vêm dos grupos de break sul coreanos que tem grande expressividade no país.
Quando perguntada sobre os projetos e quais artistas coreanos gostaria de trabalhar, a produtora citou o rapper San E, que idealizou o “HIP HOP IS HIP HOP“, uma iniciativa que reuniu 14 rappers de 14 países, que se uniram e criaram o projeto intitulado “Hip Hop for the World“, apresentando diversos ritmos e estilos inspirados pelo single “We Are the World“ lançado em 1985 e que teve todos os lucros convertidos em doações para projetos de educação para crianças da UNICEF.
No fim da entrevista, falou-se sobre a influência dos pais de Jenny Choe em sua formação e no seu trabalho como produtora, e ela destacou que acredita ter herdado dos pais (observando-os como imigrantes e tendo que lidar com tantos desafios culturais, linguísticos e sociais) a competência, a responsabilidade, a ética, a integridade e a habilidade de trabalhar com a diversidade de linguagens e aptidões. Fato é que essa experiente trajetória, rendeu a ela este ano a indicação ao Prêmio “SEBRAE Mulher de Negócios 2015”.
Entrevista: Bárbara Brisa e Laryssa Miranda
Agradecimentos: Jenny Choe.
Jenny All !!!