O que faz um editor? Que papel assume na produção de uma obra? Sob que olhar ele concebe essa obra? Para responder algumas dessas perguntas, tendo como referência o trabalho desenvolvido em “A Vegetariana”, conversamos com o editor Leandro Sarmatz.
Enquanto uma editora que se propõe explorar diferentes narrativas, a Todavida trouxe recentemente às estantes brasileiras seu primeiro título de origem coreana. Onde claro, inúmeros, mas estimulantes desafios se colocaram a frente, como afirma o editor da obra, Leando Sarmatz, em conversa com o BrazilKorea.
Para que os leitores tenham uma percepção mais aprofundada do trabalho desempenhado por um editor, você poderia sintetizar algumas das suas principais atividades e demandas?
Leandro Sarmatz: Um editor lê e avalia originais; recebe relatórios de agentes internacionais; busca novidades na imprensa especializada. Participa das negociações para a aquisição de novas obras. Discute com prováveis autores (no caso de autores nacionais) projetos a serem desenvolvidos. No caso de um livro como A VEGETARIANA, Ana Paula Hisayama (sócia da editora e diretora de direitos estrangeiros) e eu lemos a edição em inglês, discutimos com os outros editores/sócios e fizemos uma proposta.
Depois de adquirirmos os direitos para o Brasil, buscamos um tradutor. Encomendamos a tradução e depois eu trabalhei sobre a versão em português. Enquanto isso, cabe ao editor também fazer o briefing de capa; acompanhar as discussões sobre a divulgação e a inserção do livro no mercado etc. Este editor também escreveu o release e o texto de orelha. Em suma, um editor é alguém que faz parte – juntamente com outros profissionais – de todas as fases do livro.
Em que momento o diálogo com a literatura coreana foi estabelecido?
Leandro Sarmatz: Acompanhamos as novas da literatura da Coreia com entusiasmo desde antes do início das atividades na editora. Achamos que a literatura do país está num fase efervescente, tanto nas obras “literárias” quanto nas ditas “comerciais”. Desde então, compramos outro romance de Han Kang e também um thriller de Jeong Yu Jeong.
Como foi o processo de edição da obra? E como se deu a interlocução entre editor, tradutor e autora?
Leandro Sarmatz: Contatamos o tradutor e, depois de algumas conversas, decidimos por encomendar a tradução com ele. Com a versão traduzida em mãos, começamos o trabalho de edição propriamente dito. Sempre buscando captar de forma mais fidedigna o espírito da obra. Não cheguei a contatar a autora, mas Ana Paula Hisayama esteve em Seul para um evento literário e conheceu Han Kang pessoalmente.
Partindo da perspectiva de um editor que esteve em contato com um conjunto de estruturas literárias e culturais tão distintas da brasileira, que desafios destaca em relação a essa experiência?
Leandro Sarmatz: São muitos os desafios, e todos muito estimulantes. A diferença abissal entre os idiomas – diferença esta que se prolonga para as realidades culturais, visão de mundo etc – fazem da edição de um livro como A VEGETARIANA um negócio muito desafiador. Há coisas muito coreanas (imagino) no livro, que tiveram que ser transpostas para o nosso idioma e para a nossa percepção das coisas. Isso é uma das melhores partes do trabalho.
A Todavia prevê para 2019, a publicação de outros títulos de Han Kang ou de outros escritores coreanos?
Leandro Sarmatz: Temos na programação outro livro de Han Kang (provavelmente para 2020) e de Jeong Yu Jeong ainda em 2019.
“A Vegetariana” pode ser adquirida através da loja online da Todavia, ou ainda nas livrarias de todo o Brasil.
Agradecimentos: A Leandro Sarmatz, Lais Varizi e Nathalia Pazini da editora Todavia.