Wa!Coreano chega ao mercado para atender a demanda de ensino e aprendizado da língua coreana nas salas de aula. O livro didático conta com metodologia aplicada ao TOPIK e permite o estudo autônomo do aluno.
Lançado pela Pontes Editores, o Wa!Coreano é um livro didático escrito por Júlia Lee, que motivada pelo interesse de compreender melhor os brasileiros e ser compreendida por eles, passou a ensinar coreano no Brasil. Formada em Literatura Inglesa e Administração Cultural pela Universidade Sookmyung (Seul, Coreia do Sul), a autora conta ao BrazilKorea sobre sua trajetória, o interesse pelo ensino da língua coreana e o desenvolvimento do livro Wa!Coreano.
BrazilKorea: Pode nos contar um pouco de sua trajetória?
Wa!Coreano – Júlia Lee: Sempre gostei de ler e aprender coisas em línguas coreana e estrangeiras. Eu acho muito divertido ler histórias e romances de origens diferentes. Uma vez, como parte do meu curso de administração cultural, fui estagiária no Museu Nacional da Coreia e comecei ensinar coisas sobre a história coreana para crianças. Não somente ensinei, mas aprendi muito e assim passei a gostar muito mais da cultura coreana.
BrazilKorea: Quando surgiu o interesse em dar aulas de coreano?
Wa!Coreano – Júlia Lee: Quando cheguei ao Brasil, tive que aprender português. Porém, os livros didáticos de português para estrangeiros eram todos na língua local. Não havia nenhuma explicação em outro idioma neles. Meu marido então sugeriu que eu reescrevesse as coisas em coreano para que entendesse melhor os conteúdos, aí eu pensei que até daria para fazer o contrário: escrever um livro de coreano em português. Seguindo essa linha, eu fui pouco a pouco montando o meu próprio material didático para ensinar coreano. Mais ou menos na mesma época, uma amiga minha que lecionava alemão e russo no UnB Idiomas (Universidade de Brasília) comentou que havia o interesse em criar uma turma de coreano. Através do convite, levei meu material, eles gostaram da ideia e assim começou o curso de coreano, em 2012.
WA!COREANO
BrazilKorea: Qual a principal proposta do livro e qual o seu diferencial em relação aos materiais hoje disponíveis no mercado?
Wa!Coreano – Júlia Lee: Hoje não existe no mercado nenhum livro publicado no Brasil que seja voltado ao ensino de coreano para brasileiros em sala de aula. O material didático mais próximo que existe está ou em inglês ou em espanhol, o que pode não ser acessível para muitos brasileiros. Em português, é possível encontrar dicionários, guias de conversação e aulas online, mas nenhum material que possa ser usado em um curso de longa duração, com vários semestres.
Nos capítulos iniciais de Wa!Coreano utilizo um sistema de romanização adaptado ao português brasileiro. A escrita é bastante diferente da oficial, mas permite que os brasileiros se acostumem mais rápido aos sons e evitem muitos erros de pronúncia. Ele possui ainda um diferencial técnico em relação aos materiais utilizados na Coreia, as séries mais famosas (Seoul National University, Yonsei University) normalmente mesclam os níveis de formalidade (합니다, 해요, 해) muito cedo no ensino. Para alunos que não estão imersos em um ambiente coreano, isso pode causar confusão e dificuldade em usar o nível correto. Em meu livro básico, cada parte foca em um nível de formalidade, para que os alunos se acostumem com os desafios de cada conjugação e solidifiquem os conceitos de forma mais lógica e gradual. Essa é uma técnica que está em manuais mais recentes de ensino de coreano.
O livro foi construído com base na gramática e nos vocabulários utilizados no TOPIK (prova de proficiência de coreano). A complexidade aumenta de maneira gradual, de forma que ao final do livro intermediário o aluno se sinta apto a realizar o exame. De fato, o último conteúdo do livro intermediário é uma simulação de questões no estilo TOPIK, para o aluno sentir como o conhecimento construído pode ajuda-lo também para a finalidade de exames.
BrazilKorea: Como surgiu a ideia de organizar o livro?
Wa!Coreano – Júlia Lee: Como havia mencionado, eu já tinha o livro bem adiantado antes de começar a ensinar. Com semestres de experiência com os materiais, eu modifiquei alguns pontos e erros, e finalmente decidi publicá-lo.
BrazilKorea: Como o Wa!Coreano é estruturado e que metodologia de ensino você utiliza nele?
Wa!Coreano – Júlia Lee: O livro, na verdade, os dois livros – Básico e Intermediário – seguem o meu método de ensino baseado na experiência com os alunos da UnB. O objetivo dos livros é permitir que os alunos possam estudar sozinhos, em português, para morar na Coreia e/ou fazer a prova do TOPIK. Depois de terminar o livro Básico, o estudante já estará capacitado linguisticamente a morar na Coreia e obter até o nível 2 de TOPIK; após o Intermediário, nível 3 ou talvez 4.
BrazilKorea: Você pretende organizar outras edições do livro para níveis avançados e de conversação?
Wa!Coreano – Júlia Lee: No momento, ainda é difícil dizer como seria a estrutura de um livro avançado. Organizar um material para nível avançado é mais complexo, pois o aluno já não precisa mais de explicações em português, mas sim em coreano. Há muitos conteúdos diferentes que podem fazer parte de um livro avançado e não é fácil selecionar quais seriam os mais essenciais. Entretanto, um livro de conversação parece uma boa ideia, e pode sair até antes de um eventual Avançado. Mas vamos ver como vão ser as coisas com os dois livros “Wa! Coreano” primeiro!
O APRENDIZADO DA LÍNGUA COREANA
BrazilKorea: Como professora, quais são as principais dicas que podem ser dadas a quem está interessado em aprender coreano? Quais os principais recursos que acredita serem mais efetivos para aprender a língua? Ver filmes, ouvir músicas e ler materiais em coreano pode auxiliar?
Wa!Coreano – Júlia Lee: Para absorver bem qualquer língua estrangeira, é muito importante aumentar o seu contato com ela, principalmente com fontes nativas da língua. A particularidade do coreano é que se trata de uma língua muito gramatical e lógica, mas também muito antiga e que contém muitos sotaques e vocabulários regionais. Por isso o contato com pessoas, músicas e filmes coreanos deve ser acompanhado por um bom estudo de gramática e ortografia. Conversar com um coreano nativo às vezes não vai ajudar para tirar nota boa nas provas, porque muitos deles usam expressões coloquiais ou regionais, mas vai ajudar a melhorar a confiança, a audição e os vocabulários. Ao fazer amigos coreanos, peça que eles falem muito devagar e claramente. Às vezes eles podem falar que alguma gramática é muito técnica ou formal. O que acontece é que para eles a língua é natural, mas para o estudante a base gramatical é essencial para aprender novos conteúdos mais complexos. Além disso, assistir novelas ou filmes sem legenda ou com legenda em coreano (não português ou inglês) vai ajudar também, ainda mais se você puder ver junto com amigos coreanos. Mesmo não entendendo tudo, você vai ver as reações dos seus amigos e pode pedir explicações de porque eles riam ou choravam em certas cenas. Assim você terá a oportunidade de compreender melhor a cultura. Na vida real, não há legendas. Outra dica, é aprender o alfabeto coreano (Hangul) o mais rápido possível, afinal é um sistema muito lógico e adaptado perfeitamente aos sons da língua coreana. Usar romanizações por muito tempo acaba atrapalhando a pronúncia.
BrazilKorea: Em sua opinião, onde está centrada a maior dificuldade dos brasileiros em aprender a língua coreana?
Wa!Coreano – Júlia Lee: Pode não parecer, mas os brasileiros deveriam ter grande facilidade em aprender os sons coreanos. Por exemplo, a diferenciação entre sons como “ó” e “ô”, “é” e “ê” existe tanto em coreano como em português. Contudo, muitos brasileiros aprendem coreano em inglês, com romanizações oficiais, ou online, onde não se ensinam essas coisas e se confundem muito os sons. Com isso, passam a confundir também os alfabetos, complicando muito as coisas. Por isso em Wa!Coreano, eu não usei romanizações oficiais de coreano. Em vez disso, usei sons do alfabeto português. Além dos sons, as partículas e as nuances de coreano também deixam os brasileiros confusos. A gramática coreana é cheia de partículas, que normalmente vêm depois das palavras (em português o análogo são as preposições, que vêm antes das palavras) e de nuances (normalmente colocadas ao fim dos verbos, algo que não existe em português). Mexer nesses elementos pode mudar bastante o contexto de uma frase. E essas coisas às vezes confundem até os coreanos. Então, não há nada errado em não entender ou não poder aprender rápido. Basta repetir e treinar e os sentidos começam a aparecer naturalmente. O importante é expor-se à mesma expressão no maior número de contextos possível.
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Bons estudos!
Agradecimento: Profª Júlia Lee