No dia 8 de junho de 2017, a partir das 9h, acontece no prédio da Faculdade de Letras da USP o Simpósio de Literatura Clássica Coreana. O evento será especialmente dedicado à publicação dos Contos da Tartaruga Dourada, de Kim Si Seup – escrito originalmente no século XV e considerada a primeira narrativa ficcional coreana, pela Estação Liberdade (com tradução do coreano, notas e textos complementares – da Profa. Dra. Yun Jung Im). O lançamento do livro ocorrerá ao final do simpósio, às 12h.
O evento é realizado pelo Instituto Coreano de Tradução Literária (LTI Korea – Literature Translation Institute of Korea) sob organização do Grupo de Estudos Coreanos do Departamento de Letras Orientais da FFLCH/USP. O LTI Korea anunciará na ocasião seu Concurso de Resenhas, iniciativa que visa difundir a literatura coreana pelo mundo. O livro selecionado para esta edição do concurso é Contos da Tartaruga Dourada, de Kim Si Seup.
O conjunto dos Contos da Tartaruga Dourada, escrito no século XV, é considerado o ponto fundador da prosa coreana. Conectadas por ideias sobre o amor romântico, a interação entre o mundo dos vivos e o dos mortos e comentários sobre política e religião, as histórias forneceram um modelo de romance que seria usado em séculos por vir.
O livro, recheado de referências aos clássicos chineses, combina a prosa às poesias e canções, a literatura fantástica à filosofia, a erudição à sensualidade. A qualidade lírica das frases e a descrição sensível dos eventos rendem ao conjunto, a sofisticação de um romance. Outro ponto de interesse no estilo narrativo de Kim Si Seup é o sincretismo entre elementos xamânicos, budistas, taoístas e neoconfucionistas.
As histórias se passam em diversos locais dos reinos coreanos e os protagonistas se vêem imersos em experiências fantasmagóricas inexplicáveis a eles e alienantes para aqueles que os rodeiam. Em meio às aventuras sobrenaturais, o autor também oferece detalhes da sociedade da época e dos modos de vida considerados louváveis – que os personagens apresentados nunca conseguem atingir e com os quais se chocam na busca pelos seus desejos. O encontro entre o real e o irreal marca um descompasso entre as formas de realização pessoal e a estrutura política e simbólica vigente, conflito comum em épocas de ruptura, como a que os reinos coreanos viviam. Estes fios condutores podem permitir também que o livro seja lido como a história caleidoscópica de um só personagem, no caso, a do autor e de sua malfadada saga autobiográfica.
Serviço:
Simpósio de Literatura Clássica Coreana & lançamento do livro Contos da Tartaruga Dourada
8 de junho de 2017, quinta-feira, das 9h às 12h30
Prédio de Letras da FFLCH–USP – R. do Lago, 717 – Cidade Universitária – São Paulo (SP)
Salas 266 (simpósio) e 263 (exposição)
Preço do livro: 36,00 – Editora Estação Liberdade
O autor
Kim Si Seup (1435–1493) entrou para a história da Coreia como o “gênio desafortunado” do Reino de Joseon (1392-1897). Diz-se que ele aprendeu os caracteres chineses aos oito meses de idade, e compôs o primeiro poema aos três anos. Sua fama alcançou os ouvidos do Grande Rei Sejong (1397–1450), o inventor do alfabeto coreano, que presenteou o menino Kim, ainda com 5 anos, com uma peça de seda. Kim Si Seup continuou seus estudos confucionistas e budistas, com o intuito de ser um burocrata do reino, como cabia aos filhos em famílias nobres. No entanto, em meio às crises da corte, incluindo um golpe de Estado, ele se tornou um peregrino – o sábio denominava-se “forasteiro” e dizia que se sentia como alguém a tentar encaixar uma estaca quadrada em um buraco redondo. Posteriormente, voltou à corte para ajudar na tradução do cânone do budismo Mahayana para a escrita coreana. Em seguida, continuou sua peregrinação por dois anos, até construir uma cabana na Montanha da Tartaruga Dourada, onde viveu por sete anos e quando acredita-se que estas histórias foram escritas. Ele passou o resto da vida em conflito entre as demandas de que ele se tornasse um homem forte do reino e sua própria vontade de isolamento. Dezoito anos após sua morte, iniciou-se a mando do rei, a coleta de suas obras para publicação, ocorrida pela primeira vez em 1521 e mais várias vezes nos séculos seguintes.
A tradutora
Yun Jung Im nasceu na Coreia do Sul e imigrou para o Brasil aos 10 anos de idade. Possui mestrado em Literatura Coreana Moderna pela Universidade Yonsei (1990) e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1995), na área de Tradução Literária. Já traduziu mais de uma dezena de obras do coreano para o português, entre romances, contos e poesias, e foi por duas vezes agraciada com o Prêmio de Tradução Literária do LTI Korea (Instituto de Tradução Literária da Coreia). Atualmente é professora do curso de Língua e Literatura Coreana na Universidade de São Paulo e coordenadora do Grupo de Estudos Coreanos (USP).
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Fonte: Divulgação – Editora Estação Liberdade