Matheus Olivério

바벨250 – Divulgação

Sambista de raiz e 1º mestre sala da Mangueira, Matheus Olivério compôs o elenco do reality coreano Babel 250, que reunia sete participantes de diferentes países e línguas com o intuito de criar uma língua universal para se comunicar. O BrazilKorea realizou uma entrevista com o participante que conta um pouco sobre sua experiência no programa e sua passagem pela Coreia do Sul.

PROJETOS/TRABALHOS
BrazilKorea: Pode nos contar um pouco de sua trajetória? Quando surge sua relação com o samba e a Mangueira?
Matheus Olivério: Sou formado em Contabilidade pela UFRJ e filho do saudoso Xangô da Mangueira, maior diretor de harmonia de todos os tempos no carnaval .
Estou no samba desde os 8 anos de idade, sou dançarino e por isso já passei por diversos ritmos e estilos, da dança de salão, capoeira, jongo até o maxixe e tenho no samba a minha raiz.
Fui da Mangueira do Amanhã que é uma escola mirim oriunda da G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira – a maior escola de samba do planeta e do carnaval – na qual fui passista e estandarte de ouro, prêmio que é considerado o Oscar do Carnaval e que ganhei aos 16 anos de idade depois de passar pela ala das crianças e virar passista. Aos 18 anos me tornei 2ª mestre sala, um cargo de grande importância em que fui ativo durante 10 anos, chegando ao maior cargo hoje em dia que é o 1ª mestre sala.
Além disso, compus o espetáculo Brasil Brasileiro em que pude viajar o mundo, tendo também participado da abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro e de grandes eventos pelo país e mundo.

BRASIL E COREIA – INFLUÊNCIAS
BrazilKorea: O convite para participar do programa Babel 250 foi seu primeiro contato com a Coreia e sua cultura, ou você já conhecia algo a respeito do país? E sendo assim, quando surgiu sua relação com a cultura coreana?
Matheus Olivério: Meu primeiro contato com a Coreia foi através do Babel 250. Por meio do convite de um amigo, eu embarquei nessa que considero a maior aventura da minha vida, e hoje me tornei um apaixonado por esse país e pelo seu povo. A Coreia do Sul é um país acolhedor, educado e brilhante.

BrazilKorea: Representantes da música coreana como o grupo de batucada Rapercussion, tem através de sua música, expandido o conhecimento entre o público coreano a respeito da cultura brasileira e de suas influências, por meio do samba, do pagode, do axé e de outros segmentos da música brasileira, seja fazendo apresentações pelas ruas coreanas, seja viajando ao Brasil para conhecer mais sobre nossa cultura, língua e música ou ainda realizando parcerias de produção musical.  Como músico e sambista, você vê sua participação no programa Babel 250 como uma oportunidade de também ser um canal de divulgação do Brasil e de sua cultura ao público coreano? Matheus Olivério: Vi minha participação no programa Babel 250, como um fator importante pra mostrar um pouco do Brasil. Possuo no meu sangue e na minha vida o samba como a maior representação da nossa cultura, e por isso acredito que o samba foi um fator importantíssimo que fez abrir os olhos dos coreanos para o Brasil.
Eu usei o samba que tenho em mim para mostrar o Brasil através do ritmo e da língua (que foi a minha maior dificuldade). Em Babel 250 faço realmente o povo sambar e sentir o Brasil de verdade. E por isso, tenho certeza que através de mim com toda humildade e alegria que eu quis transmitir, há muitos coreanos interessados em conhecer o Brasil.

PROGRAMA BABEL 250
BrazilKorea: Como surgiu o convite para participar do programa?
Matheus Olivério: O convite para o programa surgiu através de um amigo, o Artur Zózimo que não me explicou muito bem qual era a proposta inicialmente, porém confiei nele e cai pra dentro, e ainda bem que eu confiei.

BrazilKorea: Qual foi sua primeira impressão dos participantes do programa? Existia algum preconceito em relação aos coreanos e as outras nacionalidades que foi quebrado durante sua participação no programa?
Matheus Olivério: Os participantes são maravilhosos e hoje são todos meus amigos. Lee Ki Woo virou um irmão pra mim, que ser humano! Nos tornamos grandes amigos. Sou negro e do samba não tem como eu ter preconceito, ainda mais por ter esse meu jeito de ser aberto e respeitar as diferenças e culturas.

Matheus Olivério - Instagram

Matheus Olivério – Instagram

BrazilKorea: Como é o cotidiano na casa do programa? Que regras vocês devem seguir? Há provas e punições?
Matheus Olivério:
O programa é uma experiência incrível, todos os dias a casa ganhava um líder votado por nós e que nos delegava funções para realizarmos os trabalhos a fim de  conseguirmos comer e manter a organização da casa. Quanto ao dia a dia na Coreia, é brilhante.

BrazilKorea: Como sambista e Mestre sala da Mangueira, em que você acha que essa experiência lhe ajudou dentro da casa? Você acha que teve algum problema em se acostumar a ser observado 24 horas por dia e lidar com pessoas desconhecidas durante o programa? 
Matheus Olivério:
Como mestre sala, essa experiência na casa me deu mais paciência, principalmente pensar muito antes de falar e agir, afinal, ser observado 24h e falar com outros idiomas diferentes é bem difícil.

BrazilKorea: Quais os maiores desafios que você acredita ter enfrentado no programa?
Matheus Olivério: Eu fui eu mesmo, por isso não tive muitos desafios, mas confesso que foi muito difícil adaptar ao fuso horário.

BrazilKorea: Como funcionava a equipe de intérpretes e quantos interpretes existiam para o português?
Matheus Olivério: Tive um intérprete que pra mim, foi um irmão, o nome dele é Young Joon Kim e eu o chamava de Pavarotti, pois ele é cantor de ópera, e a ajuda dele foi essencial pra me deixar a vontade. É um irmão que levarei pra vida toda.

BrazilKorea: Conforme os participantes vão se conhecendo, é possível aos poucos ir identificando semelhanças e diferenças culturais, linguísticas, gestuais e etc. Um exemplo prático de um episódio é o de que alguns gestos expressos por vocês participantes, possuía grande semelhança mas significados distintos. Como você tem enxergado este processo de assimilação e aprendizado?
Matheus Olivério: A língua é sentir! Eu tive que ser paciente e o processo de querer receber a mensagem era muito importante, até pra transmitir e entender as diferenças.

BrazilKorea: A principal proposta do programa Babel 250 é estabelecer uma linguagem própria para a sobrevivência dos participantes dentro do programa. Foi possível alcançar esta meta?
Matheus Olivério: Alcançamos tranquilamente essa meta, inclusive eu utilizo algumas palavras hoje até em minha casa, pra vocês verem como foi importante e ficaram marcadas em minha cabeça.

BrazilKorea: Durante a convivência no programa é esperado que os participantes desenvolvam afinidades uns entre os outros, e tem-se percebido no decorrer dos episódios que você e o ator Lee Ki Woo tem estabelecido uma bonita relação de amizade. Você gostaria de falar um pouco sobre este aspecto?
Matheus Olivério: O Ki Woo virou um irmão, foi o meu primeiro amigo e contato em Babel 250, nosso carinho e paciência um com o outro foi fundamental, e nossas línguas são distintas demais, então daí vocês podem reparar que pra ter uma amizade, basta aceitar e querer. Somos dois irmãos e eu o amo.

Matheus e Ki Woo

Matheus Olivério – Instagram

BrazilKorea: Com sua vinda ao Brasil para as Olimpíadas Rio 2016, como ficaram as gravações do programa? Todos os episódios já foram gravados, ou você ainda retornará a Coreia do Sul?
Matheus Olivério: Eu me desdobrei e consegui fazer com que desse certo com muito esforço pois estava com essas duas grandes e maiores tarefas da minha vida, as Olimpíadas Rio 2016 e o Babel 250. Mas deu tudo certo e conseguimos gravar todos os episódios.

BrazilKorea: Como foi voltar ao Brasil após a participação no programa? Que diferenças foram mais evidentes para você?
Matheus Olivério: As maiores diferenças é que me tornei muito mais respeitoso com os mais velhos e estou muito mais educado, paciente e higiênico.
Quero agradecer a cada um do programa Babel 250, a cada staff e diretores, todos foram brilhantes e maravilhosos. Em especial, gostaria de agradecer a minha equipe: Neymar, Sooing e Young.

Acompanhe o Matheus Olivério pelo Instagram.

Agradecimento: Matheus Olivério

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About Barbara Brisa

Editora de conteúdo (Brasília) - Cientista Social pela Universidade de Brasília, Repórter Honorária pelo Centro Cultural Coreano do Brasil e Co-Fundadora do Maūm Ūmsik. Em constante estudo pela compreensão das coreanidades.

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